Na realidade, esses quinze anos foram de retrocesso pastoral, onde se deu demasiada atenção às elites de nosso município e pífia importância à ação social da Igreja. Quantas foram as vezes em que o vi sentado no banquete dos poderosos, distribuindo migalhas à população? Quantas foram as vezes em que a Igreja de Coreaú serviu, durante mesmo a Festa de Nossa Senhora da Piedade, para gloriar a caridade falsa das elites? (Mateus 6,2)
Sou cristão, sou católico, defendo o ecumenismo, e não tolero a hipocrisia. Não tolero uma igreja que fuja tanto de sua origem, do Jesus simples, que foi julgado por acolher aqueles que ninguém acolhia. Rodeado de prostitutas, de mendigos, de ladrões, andava pelas ruas pregando o evangelho da libertação, e, ao olharem para ele, perguntavam-se: como pode ser o filho de Deus, um mero carpinteiro, amigado aos marginais? É nesse Cristo que acredito: no Deus que se faz homem, homem empobrecido, e que por questionar as injustiças, ameaçar o poder de alguns, morreu, e de morte de cruz, a pena mais humilhante. (Filipenses 2,8)
Não acredito na Igreja do sepulcro caiado. Reforma em estrutura física é aspecto secundário. Porque Igreja é muito mais. Igreja é comunidade.
Sermão bonito não basta. Palavras lançadas ao vento são fáceis de fazer. Difícil é ter vida coerente. Não digo vida de santo no sentido de perfeição, mas vida de simplicidade, de humildade e de entrega. (Lucas 1, 52)
Pouco importa títulos e mais títulos concedidos por homens, meros homens. O Deus que acredito não é Deus de títulos. O Deus que acredito é o Deus dos pequeninos. (Mateus 25, 40)
Novo ano, espero que também o início de uma revolução boa em nossa Igreja, amornada durante tanto tempo. Que o verdadeiro fogo do espírito nos incendeie, tornando-nos conscientes e atuantes, para nos livrar das amarras que tornam mulheres e homens alienados e excluídos, e que a outros aprisionam na soberba e ambição.
Benedito Gomes Rodrigues
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