Da velha Palma resta em Coreaú o mau costume de não destinar sabiamente os resíduos sólidos produzidos nas residências e estabelecimentos comerciais. É o “rebolar no mato” - resquício verbal de posturas que deveriam ficar no passado – imperando.
O acúmulo de detritos gera um sem-número de doenças. Há também a feiura... há a cara do descuido de um povo e de seu governo.
Hoje, com o crescimento da população, elevação do consumo e da descartabilidade dos produtos, torna-se mais nítido o tamanho do problema que o lixo pode representar. Mesmo com a passagem periódica do carro de recolhimento, muitos preferem rebolar no fundo dos quintais, em terrenos baldios ou no rio. Basta andar no trecho urbano do que deveria ser patrimônio zelado do município – o rio Coreaú – para sentir a podridão: montes de penas de galinha em decomposição, fezes humanas e de animais, e uma variedade de lixo doméstico, como papel higiênico usado e fraudas. O pior: em tais terrenos crianças brincam, famílias residem.
Noutros tempos, anualmente tratava-se de dar uma maquiada com patrol. Este ano a coisa foi diferente. Em várias ruas, o lixo ainda não foi varrido pra debaixo do tapete. É até bom que o povo sinta o resultado de sua ignorância. Mas de onde será que parte a ignorância? Quem a alimenta?
E em meio a esse problema, subsiste o discurso de desculpabilização dos gestores. Porém, a culpa não é, sem dúvida, somente do povo. O povo é, senão, vítima e agressor, a um só tempo, em suas ações. Caberia, numa situação de prefeitura compromissada, campanhas junto à população, acompanhamento mais apurado. Caberia o incentivo aos recicladores. Hoje, as poucas iniciativas privadas de coleta de material reciclável (que representam potencial de geração de renda para muitos) não crescem mais pela falta de apoio público.
Enquanto o tempo passa, o descaso persiste na cultura da população, o problema só aumenta. Neste campo, como tantos, de discurso já chega. As soluções podem não ser instantâneas, mas são simples, desde que se tenha o olhar empreendedor que nossa Palma tanto necessita.
Benedito Gomes Rodrigues
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