Benedito Gomes Rodrigues
Período eleitoral, pequena cidade do interior cearense, Coreaú, mais uma vez se inicia a “chuva” de dinheiro. O povo, coitado, agradece. Como se aquela ajuda realmente ajudasse... Vez ou outra se ouve um orgulhoso dizer: “votar de graça? Hum... É pra gente tola!” E os problemas sociais, ambientais e econômicos permanecem sem soluções verdadeiras.
Não é necessário ser especialista pra perceber que grande parte dos brasileiros não se recorda de todos que votou na eleição passada (2006), quanto mais se lembrará de cobrar a verdadeira representação da população por parte destes em seus respectivos cargos.
Preocupa ver que estudantes, e até mesmo professores, os futuros e atuais construtores da sociedade, se posicionem muitas vezes como apolíticos. “Política é suja, prefiro não me meter”, é isso que alguns dizem. Não investem atenção em quem votam. Quando o peso da decisão lhes cai sobre as costas já é tarde.
Os professores de Coreaú sentem na pele o descaso público: baixos salários, pouco descanso, alunos desinteressados. A sociedade e, principalmente, nossos jovens perdem com isso. A cidade continua estagnada. Com a falta de emprego, os trabalhadores são obrigados a se aventurar em longas viagens atrás do sustento de suas famílias.
Com seus 22 mil habitantes, o lugar onde vivo oferece potenciais de crescimento, mas a retrógrada visão de que sertão não produz ainda se mantém. O modelo de desenvolvimento atual, reforçado por esta visão, vem destruindo nossos recursos naturais. A caatinga perde espaço para as queimadas e para o gado.
A juventude campesina foge de sua terra atrás de melhores condições de vida nos centros urbanos, o jovem da cidade, por sua vez, se marginaliza: entra nas drogas, na prostituição, na violência.
Penso que a situação em certos sentidos tem até melhorado, mas estamos muito longe do ideal. A resolução para tantos problemas não é tão difícil o quanto alguns dizem. Basta que a população dê o primeiro passo. Basta que a Cidadania deixe de ser mais uma palavra bonita no meio de mais um discurso, entre tantos, que levam a nada.
A coisa só muda se a democracia for verdadeiramente entendida e vivenciada. Caso contrário, só vai piorar.
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