A presidente eleita Dilma Rousseff reuniu-se, nesta terça-feira, com a coordenadora-geral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Miriam Belchior, o ministro dos Transportes, Paulo Passos e um dos coordenadores da transição, o deputado Antonio Palocci (PT-SP), na Granja do Torto, residência oficial da candidata vitoriosa desde a noite passada. Cotada para ocupar o Ministério do Planejamento, Belchior entrou sem dizer qual era a pauta do encontro.
– Vou descobrir lá dentro – disse ao chegar à Granja do Torto, sem confirmar ou negar a indicação para o ministério.
Caso Belchior venha a ocupar a pasta hoje exercida pelo ministro Paulo Bernardo, uma das alternativas discutidas pelo governo de transição é transferir o PAC da Casa Civil para o Planejamento, ou levá-lo para a Secretaria-Geral da Presidência ou, ainda, compartilhar a gestão e o acompanhamento do programa entre a Casa Civil e a Presidência da República.
A reunião desta manhã foi a segunda desde que Dilma chegou da viagem a Seul, onde esteve para reunião do G20. Ela descansou com a família no fim de semana em Porto Alegre mas, na tarde deste segunda-feira, apesar do feriado, Dilma recebeu os coordenadores da transição. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o secretário-geral do partido, José Eduardo Cardozo, levaram até ela as demandas dos aliados para a composição dos ministérios. Dilma, no entanto, pretende aguardar mais alguns dias antes de fazer qualquer anúncio oficial sobre o novo ministério.
Ainda em Seul, ela disse que vai evitar especulações em torno das nomeações dos futuros colaboradores de seu governo. Dilma também preferiu não adiantar quando será feito o anúncio. À pergunta se havia convidado o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para continuar no cargo, ela respondeu que não tratou sobre isso durante a viagem até a Coreia do Sul, cuja duração é de mais de 24 horas.
– Não tratamos disso não. Nem tinha sentido tratar dessa questão (no voo do Brasil para a Coreia). Vou tratar disso quando for tratar de toda a questão (de nomeações), de todo o ministério. Quando for anunciar, vou anunciar direitinho, não vou especular – afirmou Dilma, que viajou com Mantega em duas etapas – de São Paulo para Frankfurt e de Frankfurt para Seul.
Bem-humorada, a presidenta eleita afirmou que não pretende antecipar medidas que tem em mente para a área econômica. Ela disse que segue os princípios do ex-primeiro ministro inglês Winston Churchill. De acordo com Dilma, Churchill afirmou certa vez que havia decisões que não deviam ser confessadas nem para si mesmo
– Se eu tivesse medidas, eu não diria aqui – afirmou Dilma, dirigindo-se aos repórteres na recepção do hotel em que está hospedada.
Em seguida, ela perguntou aos jornalistas:
– Vocês conhecem aquela do Churchill? Perguntaram se ele faria tal medida. Ele disse não. Aí, depois, ele tomou a medida e os repórteres perguntaram: mas você disse que não iria tomar a medida. Aí, ele respondeu: há certas medidas que não confessamos nem para nós mesmos – concluiu.
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