domingo, 3 de outubro de 2010

SORAYA DIZ TER INOVADO NA FORMA DE FAZER POLÍTICA

Inserção de temas relevantes no debate político, alerta para a questão das desigualdades no processo eleitoral, contestação de dados maquiados por alguns candidatos e os primeiros passos para o desenvolvimento de uma nova cultura política no estado. Essas são as principais contribuições que Soraya Tupinambá (Psol) acredita deixar para a sociedade cearense após do pleito deste ano.

A candidata do PSOL disse, em entrevista ao Diário do Nordeste, que sua campanha trouxe um saldo organizativo para o partido e um saldo democrático para o Ceará. Segundo ela, o destaque de sua candidatura esteve mais na nova postura política adotada durante a campanha do que no resultado eleitoral. "Nosso crescimento (nas urnas) é mais paulatino por conta das desigualdades no processo eleitoral", justificou.

Segundo Tupinambá, a mudança nos mecanismos usados por sua candidatura foi importante para mostrar à "população desencantada com a política" que é preciso resistir na luta para transformar a sociedade. Ela disse que o PSOL se mostrou como "referência viva" de que é possível manter uma campanha, por exemplo, trocando as carreatas pelas chamadas "bicicleatas" e sem utilizar militantes remunerados, que muitas vezes cumprem jornada abusiva.

Com transparência, debate, respeito ao meio ambiente e uma campanha financeiramente modesta, ela espera ter recobrado um pouco da confiança das pessoas. "No início, falávamos das campanhas milionárias quase como uma obsessão porque era preciso esclarecer isso", disse a candidata antes de enfatizar que foi a única postulante ao governo que efetuou cadastro no Portal da Transparência para prestar contas de forma sistemática na internet.

Divisão

De acordo com Soraya, o financiamento privado de campanhas e os critérios para divisão do tempo de propaganda eleitoral, ao invés de democratizar, tem angariado desigualdades no processo eleitoral e impedido um debate político amplo.

Nesse sentido, ela lamentou as dificuldades que teve para equilibrar um discurso, que, segundo ela, pretendia levar críticas, discussões e propostas de governo ao eleitor. "Se eu tenho pouco tempo, preciso usá-lo para o fundamental. E talvez o fundamental [nessa eleição] tenha sido alertar a população sobre a desigualdade do processo (eleitoral)" (BJ).

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