sábado, 23 de outubro de 2010

SERRA SIGNIFICA RETROCESSO PARA OS TRABALHADORES, DIZ CUT, LEIA E OUÇA A MATÉRIA DA RADIOAGÊNCIA NP


(8'50'' / 2'2 Mb) - “A vitória de José Serra (PSDB) nas eleições seria uma catástrofe para os trabalhadores e para toda a sociedade brasileira e um retrocesso para o conjunto de países da América Latina”. A declaração é do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Artur Henrique.

Em entrevista à Radioagência NP, Artur afirma que há um consenso entre as maiores centrais sindicais de que os oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) na presidência e os 16 anos de governo PSDB em São Paulo significaram perdas para o conjunto da classe trabalhadora.

Artur afirma que os baixos salários dos professores na rede estadual de São Paulo e dos policias são indicativos do que significará uma vitória de Serra para os trabalhadores.

Para ele, os dois mandatos do presidente Lula serviram para implementar um projeto de desenvolvimento para o país, com distribuição de renda e valorização salarial. E para o projeto ter continuidade, depende nessas eleições da vitória da candidata Dilma Rousseff (PT).

Radioagência NP: Artur, como a CUT avalia os oito anos de governo Fernando Henrique no Brasil?

Artur Henrique: Fazemos um balanço absolutamente negativo do que foram os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), DEM e José Serra.  Existia no Brasil, e os trabalhadores irão se lembrar disso, uma agenda absolutamente negativa da luta contra as privatizações, luta contra a criminalização do movimento social e sindical. A agenda da década de 90 era agenda da resistência aos ataques neoliberais que eram propostos pelo governo FHC. Uma agenda onde tínhamos que resistir aos baixos índices de crescimento econômico que assistíamos naquela época, altos índices de desemprego, falta de diálogo e de respeitos com o movimento social e sindical.

RNP: Como era a relação do governo com os movimentos sindicais e sociais?

AH: Os trabalhadores vão se lembrar daquela famosa greve dos petroleiros no início de 1995, quando na primeira manifestação contra o governo FHC foi colocada a Polícia para bater nos trabalhadores. Na verdade o governo queria disputar com o movimento sindical. Queria desmontar, ou colocar na defensiva o movimento sindical para derrotar os trabalhadores. Foi o primeiro sinal de uma postura do governo FHC em relação ao movimento sindical.

RNP: E a postura do governo FHC em relação aos direitos dos trabalhadores?

AH: Durante os oito anos que tivemos Projetos de Lei de flexibilização e de mudança nos direitos dos trabalhadores, ou seja, tentativas de retiradas dos direitos dos trabalhadores, direitos garantidos na Constituição Federal ou na CLT. Essas tentativas de retirada de direitos, que eram combatidas pelos movimentos sindicais, com algumas vitórias por nossa parte e outras derrotas, nunca foram negociadas ou dialogadas com o movimento sindical. O Governo não enxergava o movimento sindical como um apoio social importante. Pelo contrário, era só paulada no trabalhador, desrespeito, retiradas de direitos.

RNP: E o governo Lula, conseguiu mudar essas relações e agenda política?

AH: Agora nós temos uma agenda absolutamente positiva. Os problemas não estão todos resolvidos, mas tivemos a geração com mais de 14 milhões de empregos com carteira assinada, implementação de um projeto de desenvolvimento sustentável que inclui a distribuição de renda como o fator principal para mover a economia. Os aumentos salariais que foram negociados com as centrais sindicais mostraram o respeito e diálogo na negociação, a tabela do imposto de renda e o crédito consignado foram propostas apresentadas pelas centrais sindicais e que foram negociadas com o governo Lula.

RNP: A candidata Dilma pode dar continuidade neste processo?

AH: Há um compromisso assumido pela candidata Dilma no sentido de dar continuidade a esta agenda positiva, inclusive de avançar para erradicar a miséria no próximo governo. Para fazer isso nós precisamos tirar 15 milhões de pessoas da miséria. Como foi feito no governo Lula, 26 milhões de pessoas entram no mercado de consumo. Os pobres têm que ter acesso às possibilidades de desenvolvimento econômico. Isso só será possível no governo Dilma. Ela já colocou claramente essa meta de erradicação da pobreza, como uma meta para ser cumprida. Evidentes que temos todo o debate em torno da educação, saúde, segurança pública como elementos importantes desse projeto, mas tudo isso está ligado a quem tem condição de implementar esse aprofundamento da mudança. Serra só representaria o retrocesso.

RNP: O que representaria a vitória de José Serra no que diz respeito às relações internacionais do Brasil?

AH: Seira uma catástrofe para os trabalhadores e para toda a sociedade brasileira, e um retrocesso para o conjunto de países da América Latina. Todo o avanço que obtivemos nos último oito anos, inclusive ampliando a pauta de exportação para países da África e para o Mercosul, como Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Equador, Venezuela, seria absolutamente destruído por uma agenda que já conhecemos da época do FHC, que é uma política externa de favorecer a relação com os Estados Unidos (EUA). Imagina na crise que vive os EUA ficarmos dependentes de uma pauta de exportação de um país que está em crise?

RNP: E para os trabalhadores?

AH: Significa a redução dos direitos dos trabalhadores. Com certeza o PSDB tem uma visão – como já foi demonstrada no governo FHC e nos 16 anos de governo PSDB em São Paulo – pagar baixos salários, desrespeitar os movimentos sociais e sindicais, baixos salários de policiais, de professores que são os mais baixos do país. Essas experiências que nós temos do governo FHC e dos governos do PSDB e do DEM ao longo dos últimos anos nos dá a certeza desse retrocesso de direitos. A derrota do tucano José Serra será prioritária e essencial.

De São Paulo, da Radioagência NP, Danilo Augusto

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