O debate da Rede TV/Folha de São Paulo foi marcado pelo confronto dos projetos do PT e do PSDB. Com firmeza, a candidata Dilma Rousseff impôs a realidade ao adversário tucano que tentou a todo custo fugir das comparações.
“Ele [Serra] não quer que eu compare com o governo dele em São Paulo nem com o do governo Fernando Henrique, que também é dele. Ele quer falar e fazer promessas sem que a gente compare”, observou Dilma.
Por diversas vezes durante o debate, o candidato José Serra tentou se livrar das críticas à má gestão tucana no estado dizendo que Dilma atacava os paulistas. A petista pediu por mais de uma vez que ele parasse de usar a “soberba”, evitando respostas e tentando colocá-la contra os paulistas
Na educação, por exemplo, Dilma citou a precariedade do ensino no estado de São Paulo, onde metade dos 218 mil professores não tem vínculo formal. “São aqueles que giram de escola para escola. Temos de dar plano de carreira, salários dignos, respeito e formação continuada aos professores, e não tratá-los com cassetete”, disse Dilma, se referindo à greve da categoria em março deste ano que terminou em confronto com a polícia.
Escolas técnicas
Dilma lembrou a ausência de investimentos no ensino técnico no governo de Fernando Henrique Cardoso. Já o presidente Lula, afirmou, vai encerrar seu governo com a construção de 214 escolas técnicas.
Segundo Dilma, no governo do PSDB, uma lei impôs aos municípios o custeio das escolas técnicas. Sem dinheiro para arcar com os altos custos da manutenção e sem apoio do governo federal, as prefeituras deixaram de lado o ensino profissionalizante.
“Nós mudamos a lei e passamos a investir, assegurando a formação e a qualificação profissional. O que vai melhorar a qualidade da mão de obra é escola profissionalizante espalhada pelo Brasil.”
Combate à corrupção
Enquanto Dilma manifestou sua indignação pelas denúncias de tráfico de influência na Casa Civil, José Serra não esclareceu a acusação de que o ex-diretor de engenharia da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Vieira de Souza, conhecido por Paulo Preto, teria envolvimento com desvios de recursos destinados às obras do Rodoanel.
A denúncia contra o assessor subordinado a José Serra veio à tona com a Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. “Nós temos uma diferença. Nós investigamos. O candidato Serra esquece que o senhor Paulo Vieira de Souza está envolvido na Operação Castelo de Areia, que envolve as obras do rodoanel”, ressaltou Dilma.
Paulo Vieira de Souza também é acusado do desvio de R$ 4 milhões da campanha tucana, não contabilizados nas contas do PSDB.
Segurança Pública
A candidata também questionou o abandono da política de segurança pública de São Paulo, que não conseguiu acabar com a Cracolândia ou derrotar a facção criminosa chamada de PCC (Primeiro Comando da Capital).
“Meu compromisso é livrar São Paulo do PCC. Nós sabemos o que representou o abandono da política de segurança pública com o PCC dominando o tráfico a partir das prisões”, disse Dilma.
Ela alertou ainda que, como prefeito e governador de São Paulo, José Serra não resolveu o problema da Cracolândia, conhecido local no centro de São Paulo dominado por usuários de crack. “A população de São Paulo conhece a Cracolândia. Não há uma política antidroga efetiva. Sabe onde colocamos o nosso dinheiro? Nós elevamos o gasto com a Polícia Federal que combate droga no Brasil fazendo apreensões sistemáticas”, disse Dilma.
Para a candidata, as administrações do candidato Serra são marcadas por programas pilotos, que atendem pouquíssimas pessoas. “Pouco para poucos. Nós fazemos muito para muitos.”
Saúde
O governo de São Paulo, na gestão Serra, tampouco repassou recursos para o custeio do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel) nos municípios do estado. Segundo ela, para a manutenção do serviço, o governo federal paga a metade dos custos, enquanto a outra metade deveria ser dividida entre governo estadual e prefeitura.
“O senhor se recusou a pagar o custeio, jogando para os municípios. Só aqui em São Paulo vocês não pagam e oneram os municípios”, cobrou a candidata.
Para Dilma, esta postura do ex-governador revela pretensão. ”A gente não pode ser pretensioso e achar que é dono do mundo. Nós temos uma parceria muito boa com o governo do Rio de Janeiro na Rede Cegonha, com maternidades de baixo e alto risco e clínicas da mulher, que oferecem acompanhamento integral às mães e aos bebês.”
Privatizações
Serra também foi cobrado pela tentativa de barrar a compra, pela Petrobras, da Gas Brasiliano, fornecedora de gás natural no interior de São Paulo, mas não deu explicações. Embora a estatal tenha oferecido o melhor preço, o governo paulista de José Serra recorreu ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a operação, o que poderia beneficiar uma empresa japonesa.
“O preço oferecido pela Petrobras era maior, mas preferem uma empresa estrangeira a Petrobras”, concluiu Dilma.
O candidato do PSDB tampouco respondeu se manteria as estatais Eletrobras, Chesf, Furnas, Eletrosul e Eletronorte fora do processo de privatização. Como ministro do Planejamento do governo de Fernando Henrique Cardoso, ele assinou o decreto que previa a venda dessas empresas.
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