sábado, 20 de agosto de 2011

Ainda sobre a paralisação nacional em defesa do piso do Magistério

Como um dos pensadores e organizadores do evento, gostaria de dizer que fiquei muito feliz com o sucesso do mesmo. Na concentração na Praça do mercado e no percurso pelas ruas da cidade tivemos quase uma centena de professores, alunos, pais e outros cidadãos. Todos estavam ali para manifestar o compromisso com a defesa de uma educação pública de qualidade, qualidade essa que passa pela valorização dos profissionais que a fazem. Um diferencial em relação aos eventos do tipo anteriormente realizados é que estava visível a segurança e firmeza dos manifestantes. Também era perceptível a simpatia e o apoio dos populares presentes ou pelos quais passávamos no percurso pela cidade. 

Parabenizamos o Professor Zé Mário pela liderança do movimento, registramos a participação do atuante professor e sindicalista sobralense Gilvan Azevedo (Gilvan é um sindicalista que está sempre presente nas lutas do povo). 

Também merece destaque o apoio que o movimento recebeu dos blogs de nosso município. Lá estiveram presente o Araquem news (Hélio Costa), RM no Foco (Professores Romildo e Davi), Várzea Grande (Companheiro Manchão) e Notícias de Coreaú (professor Bob). 

Registramos e agradecemos ainda o espaço cedido pela Rádio Comunitária Princesa do Vale, no programa do locutor Dênis Neves, através do qual alguns de nós professores tivemos a oportunidade de nos dirigir a toda a comunidade coreauense esclarecendo a importância da mobilização.

A luta continua e quem é de luta está sempre preparado para as grandes batalhas.

Professor Zé Maria

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A dança do tempo

Olho os meus companheiros, eles estão taciturnos, disse Carlos Drummond de Andrade. Pensem nas crianças mudas, telepáticas, escreveu Vinícius de Morais e depois Ney Matogrosso disse o através da música. Eu vejo os jovens cálidos, eu os vejo alienados, rezo por eles.

Olho os homens ao meu lado, eles movem-se mais depressa. Olho a vida ao meu lado, ela passa mais rapidamente. Passa correndo, passa mais apressadamente. O tempo que outrora não passava, agora escorre-me por entre os dedos, como água ele flui numa correnteza, à vazão crescente, num fluxo perfeito. Fazendo uma paráfrase de Machado de Assis, eu mato o tempo e ele me enterra. Estou na casa dos vinte e cinco e me lembro que ontem estava na casa dos quinze. O tempo soterra. Amanhã estarei na casa dos cinquenta e depois de amanhã, espero, estarei na casa dos oitenta. Vejo a multidão de homens e mulheres e, um a um, eles e elas passam por mim apressados. Passam correndo, aturdidos, atordoados. Nas ruas não os conheço, pois eles passam ligeiro e eu não os reconheço.

Tempo do meu tempo. O tempo perguntou pro tempo, tempo para o meu texto, texto para minha voz …. rezo por nós.

Pensem numa lei do movimento que nos confirma a rápida passagem dos tempos, o seu malabarismo, a sua dança. Como uma bela dançarina que nos rouba a atenção, ou a esperança. Olhem para alguns anos atrás e vejam que há dias éramos como diria os poetas, cálidas/telepáticas crianças. E nos olhem hoje e nos vejam jovens/adultos alienados, desiludidos, ocupados e muitas vezes sem esperança. E vejam o tempo passando sem nos esperar, apressado e em constante mudança. Como uma porta que não se abre para nós e nem para os estranhos. Vendo tudo com entusiasmo, só nos resta uma coisa: “Sentir tudo de todas as maneiras. Viver tudo de todos os lados. Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis, ao mesmo tempo realizar em si toda a humanidade de todos os momentos, num só momento difuso, profuso, completo e longínquo. (...) Sentir tudo de todas as maneiras, ter todas as opiniões, ser sincero contradizendo-se a cada minuto, desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito, e amar as coisas como Deus”. (A Passagem das Horas, Fernando Pessoa).

Enfim, pensem nas pessoas estáticas, na inércia, no marasmo, na inoperância até de pensamento, pensem nas crianças que daqui a segundos serão adultas e pensem nos adultos que logo mais serão idosos. E pensem finalmente em como o tempo nos escorre entre os dedos e veja que amanhã tudo pode não mais ser como era antigamente, ou hoje não é mais como foi um dia.Tudo parece estranho como este texto, ou como a boa música do Ney Matogrosso, ou como a poesia de quem não sabia. Por isso, o tempo é agora, a hora é essa, o local é aqui, mas pode ser qualquer um. O tempo presente, distante. A vida presente, mutante. A metamorfose em mim, a mudança em todos nós. A lua, a luz, as estrelas, os vários sóis.

Dedique tempo e atenção para viver o tudo no agora, pois que…. O tempo passa mais depressa e nos deprime e entristece. Nos deixa maduros, nos entorpece, nos envelhece.

Mais coisas a serem ditas o tempo dirá, no seu fim, no seu carma. “Os anos deixam rugas na pele, mas a falta de entusiasmo deixa rugas na alma ” (Michael Lynberg)

Valdecir Ximenes
*Texto publicado inicialmente no MANDACARU, informativo da AEDI

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